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Resenha: Ainda há o bem - Rodrigo H. Maran e Newton Cesar (Kiron)

em quinta-feira, 19 de agosto de 2021

 O maior rival está aqui, dentro de mim.

 


Ainda há o bem - Manifestos de um dependente químico, dos autores Rodrigo H. Maran e Newton Cesar, foi publicado em 2020 pela Kiron Editora.   Verdade e ficção se misturam para contar a história de Fabiano Bartolomeu e seu árduo caminho para vencer a dependência química.


É difícil imaginar que um jovem criado dentro de uma família estruturada e feliz, com uma situação financeira privilegiada, possa chegar ao fundo do poço depois de se envolver com as drogas. Infelizmente uma situação como essa é muito comum, e o final nem sempre é feliz como imagina o personagem Fabiano no início do livro.

 

 A morte sempre nos espreita.

 


Esse é o segundo livro que leio do autor.  Embora o assunto seja o mesmo, baseados nos manuscritos de Fabiano (pseudônimo) durante o tempo em que esteve em recuperação em uma clínica, a obra está mais organizada e visualmente mais bonita.  O livro divide-se em partes que se alternam:  Antes, durante e depois.  Dessa forma, a leitura se torna mais dinâmica e não cansa o leitor com relatos da rotina do tratamento.

 

Fui morto na minha própria guerra.  


Em meio ao processo de recuperação e ressocialização, o enredo pincela acontecimentos da infância e juventude de Fabiano.  As lembranças fizeram parte de seu resgate e lhe deram força para lutar contra sua dependência. Os primeiros amores e sonhos, uma vida comum entre tantos rapazes da mesma idade.  Os primeiros vícios, a maconha, o ecstasy, a cocaína, o crack, o álcool, o descontrole...

 

Qual o sentido de olhar para trás?


 

O amor por Sibila, a mulher que se tornou sua esposa, o filho Davi, que não foi capaz de mudar essa história.  Fabiano se entrega cada vez mais ao vício, destruindo sua vida e todos que estão ao seu lado.  Os familiares estão entre os que mais sofrem com a dependência química.  Depressão, delírios, crises, paranoias, ciúme doentio, casamento destruído.


(...) que todos estes meus desejos não sejam utopias.

 

Até que o pai envia uma equipe de resgate para salvá-lo e levá-lo para uma clínica.  Foram 21 dias na Unidade de Desintoxicação, e depois o dia a dia rotineiro do processo que daria uma chance para recuperar as pessoas que mais amava na vida.  Durante esse tempo, ao colocar no papel seus sentimentos, se deparar com a cruel realidade que viveu e dos perigos que se deparou para saciar seu vício, Fabiano pôde imaginar desfechos alternativos para sua vida.


Nada dura para sempre.  As coisas terminam, desfazem-se, transformam-se.  Acontecimentos novos chegam, tomam o lugar dos anteriores.  

 

 
Na clínica os dias que se arrastam e as noites que se prolongam.  Muitos momentos podem não ter de fato acontecido, mas os sonhos se tornaram reais diante da dor.  Saudades de um mundo perfeito repleto de alegrias que não viveu por escolha própria.   O arrependimento de tudo o que ficou para trás, esquecido,  diante de sua busca insaciável pelas drogas. 

No meio do meu caminho, havia uma pedra.  Depois duas.  Depois várias.

 

Um novo caminho parece surgir.  Cada companheiro carrega uma história, nem sempre com final feliz.  Encontros religiosos, futebol, psicólogos,  terapia, leituras, escrita.  A visitas de domingo, a indiferença da esposa.  Talvez no futuro seja possível reconquistá-la.  O filho é a força que o sustenta para vencer o mal que sempre estará esperando uma nova oportunidade de dominá-lo. 

 

A realidade, contudo, não é história com final feliz para todos.



Com 336 páginas, folhas amareladas, fonte confortável, Ainda há o bem - Manifestos de um dependente químico, conta  com uma organização e trabalho gráfico de destaque.  Sem dúvida houve um amadurecimento no trabalho do autor em relação ao primeiro livro.  É possível mudar os caminhos de nossa vida e alterar os finais aparentemente traçados.   É grande exemplo para pessoas que enfrentam os mesmos problemas sem perspectivas de vitória.  

 

Peço que não me interpretem com superficialidades, não tirem conclusões ligeiras.  Não julguem.  Se o julgamento vier, que não me atirem pedras.  Errante, errei.  Adoeci.  Estou longe de autopiedade, sei disso.  Distante, também, de qualquer tipo de gratidão.  Ma se outrora me descarrilhei, estou aqui para colocar-me de volta aos trilhos. 



Tenham uma excelente leitura!

 

http://www.editorakiron.com.br/


Ainda há o bem - Manifestos de um dependente químico
Autores: Rodrigo H. Maran & Newton Cesar
Editora Kiron
Edição: 1ª (2020)
ISBN : 978-65-86153-33-0
Dimensões: 15,5 x 21cm

 


Onde Comprar:

 Contos da Cabrita

 





* Livro gentilmente recebido da Editora Kiron.

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