Não há tempo melhor que o futuro.
O baralho de predizer adultérios, de Frederico Monteiro, foi publicado em 2020 pela Editora Autografia. O que você faria se tivesse em suas mãos o poder de prever adultérios, mas não pudesse usar em benefício próprio?
Em seu segundo romance, o autor novamente explora o intimismo das relações humanas sobre o ângulo particular de um único personagem. Silvano era um jovem rapaz que morava em Araraquara, interior de São Paulo. Da vida nunca esperou grandes coisas, vivendo um dia de cada vez, ocupando seu tempo entre os gibis e os biscates de carregador de coisas que lhe davam algum dinheiro, mas o que ele realmente não sabia era que o improvável estava prestes a acontecer.
Um de seus cantos preferidos era uma discreta mesa, quase escondida, de um boteco da rua 5, chamado de Casablanca. Talvez, o proprietário Arturo, um espanhol envolto em lendas, tenha sido a relação mais verdadeira de nosso herói. Foi lá, exatamente nesse lugar, que a vida de Silvano mudou completamente.
Por acaso enxergas a alma de alguém?
Como obra do destino, um homem desconhecido, chamado Leandro Alexandre sentou-se em sua mesa e lhe apresentou um baralho especial. As cartas tinham um encanto sedutor, mas não eram mágicas. De certa forma atraia o jovem rapaz, como se escolhessem um novo dono. Era um baralho de predizer adultérios, que nunca falhava em antecipar traições. Apenas uma regra deveria ser seguida, as cartas nunca poderiam ser usadas em benefício próprio.
A inspiração para criar o enredo sobre o tal baralho veio de uma rápida referência no conto Blacaman, o bom vendedor de milagres, da coletânea A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada, do autor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014). No conto, o baralho foi usado como moeda para comprar um menino pobre, que se tornaria aprendiz de feiticeiro.
As pessoas têm medo do futuro.
A trama não explora desfechos ou consequências das adivinhações e revelações das cartas, embora fosse um caminho interessante a seguir. Frederico Monteiro nos conta sobre os amores de Silvano e de como o baralho influenciou nessas relações. Aos poucos, percebemos o personagem ser moldado pelo poder que exercia e, inevitavelmente, se tornar vítima de seu destino.
Entre confusões e aventuras, o jovem rapaz cria seus próprios caminhos entre sonhos e devaneios. Manolo, outro personagem interessante do enredo, torna-se a voz responsável pelo contraponto, aquele que impõe os limites a Silvano.
Jamais se torne um ressentido. Aqui todos fugimos um dia.
Com 288 páginas, 27 capítulos, folhas amareladas, fonte e espaçamento confortáveis, O baralho de predizer adultérios cria uma atmosfera mística sem mergulhar na fantasia. Os dramas e conflitos do personagem ao lidar com o poder e suas restrições são os elementos que direcionam toda a trama.
Tenham uma ótima leitura!
Autor: Frederico Monteiro
Editora: Autografia
Dimensão: 16x23cm
ISBN: 978-65-5531-869-2
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