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Resenha: Contos da Cabrita - Manoela Souza (Kiron)

em quinta-feira, 1 de abril de 2021

 Você está com tempo para me ouvir?

 


Contos da Cabrita, de Manoela Souza, foi publicado em 2016 pela Editora Kiron.  Somos lapidados por aquilo que vivemos, pelas alegrias e tristezas que sentimos, pelos sonhos, pelas dores e pela saudade.  Cada um tem seu lugar no mundo, mesmo que sonhe com outros cantos, sempre nos restará o lugar que é nosso de verdade.

 

Embora esse livro de contos nos traga uma variedade de histórias e diversos personagens, conseguimos perceber o fio condutor que une cada uma dessas pequenas narrativas, como se fosse uma colcha de retalhos.  Ricard, filha de pais humildes, vivia no interior de Minas Gerais. No leito de morte, seu pai lhe concedeu o bafejo da cabrita, uma bênção  para protegê-la nas horas difíceis e guiá-la nas dificuldades.

 

Cada ser vive de acordo com sua realidade!

 

 

Na vida, nada foi fácil para Ricard.  Desde cedo ajudou a cuidar dos irmãos e assumiu todas as responsabilidades, até encontrar seu próprio caminho depois de muitas batalhas travadas.  Casou, teve filhos,  alegrias e perdas, mas nunca fugiu de seu destino e nem se deixou dominar por ele.  É através dos olhos dessa mulher guerreira que acompanhamos cada conto dessa obra.


As histórias foram vividas ou ouvidas pela personagem que nos guia por cada trama.  É um mergulho nas lembranças dos tempos na casa da roça em que corria pelos terreiros floridos e molhava o jardim.  Fala da saudade de buscar água no rio, chupar cana caiana, comer queijo fresco, rapadura e tomar café do fogão de lenha.  E ainda tinham as festas no arraial e a lua cheia iluminando as rodas de conversa em torno da fogueira. 

 

Será?  Que é saudade daquilo que eu nunca vi.


Os contos são simples e deliciosos.  A autora conseguiu passar uma atmosfera aconchegante e saudosa, como se ouvíssemos histórias contadas pelos avós.  Há alegrias e tristezas, versos, narrativas e lendas rurais.  Manoela Souza vagueia por vários temas distintos, o que faz do livro fluído e dinâmico, não nos cansando durante a leitura. 


 

O leitor encontrará a saga de Lampião e Maria bonita em prosa ritmada, verá a sereia à beira do rio, conhecerá Capuchim, a garota que só vestia roupas de algodão, será embalado pela Folia de Reis, e irá ver a amizade entre um Pai de Santo e uma irmã de caridade.  E também encontrará muitos casos com pessoas que Ricard cruzou em sua vida.  Ah, tem fabula também, onde o coelho esperto irá enganar a onça feroz.


Com 256 páginas, folhas brancas, ilustrações e muitas histórias, Contos da Cabrita é uma leitura deliciosa.  Manoela Souza consegue construir uma ponte entre os contos e o leitor, nos transportando para dentro dos acontecimentos.  O livro merece uma nova revisão no caso de outra edição, pois há alguns deslizes e até texto repetido que poderia ser suprimido.  


Assombração era o que não faltava nesse pequeno lugar em tamanho e grande em histórias de assombração.  Coitados dos que precisassem passar por ali em hora morta. 

 

http://www.editorakiron.com.br/


Contos da Cabrita
Autora: Manoela Souza
Editora Kiron
Edição: 1ª (2016)
ISBN : 978-85-8113-530-4
Dimensões: 15,5 x 22,5cm

 


Onde Comprar:

 Contos da Cabrita

 

 Sobre o Autor:

 

E-mail:  manoelaevoe@gmail.com

 

Mineira do interior de Minas Gerais, Manoela José de Souza, ao deixar o campo para morar na cidade, passou por transições bastante difíceis. Por ter começado a trabalhar muito nova, aprendeu o ofício de plantar, colher, cuidar dos animais domésticos, serviço que fazia com bastante habilidade. Mesmo morando e trabalhando longe da escola, concluiu a 3ª série, o que deu a ela a oportunidade de lecionar o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) e alfabetizar crianças da zona rural. Nesse período, mesmo com pouco estudo, prestou um bom trabalho. Na cidade, estudou a 4ª série. Trabalhou na pequena mercearia do seu esposo, costurou roupas para a vizinhança, trabalhou em uma lanchonete, prestou serviço como monitora. Com o passar dos anos, mudou-se para Ceilândia ? DF. Surgiu a oportunidade de fazer oficina de teatro na recém-criada Biblioteca Pública de Ceilândia. Frequentou aulas de teatro do grupo Viva a Vida. Apresentou duas peças teatrais e um performance no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em seguida escreveu o livro Contos da cabrita. 


* Livro gentilmente recebido da Editora Kiron.

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