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Resenha: Dom Casmurro - Machado de Assis (Ed. Vozes)

em sábado, 1 de outubro de 2016

Dom Casmurro é um clássico da literatura nacional.  É uma daquelas obras que conseguem fascinar ainda hoje o leitor, mesmo tendo sido escrita no ano de 1899 e publicado em 1900.  O grande mistério que surge do enredo continua sem resposta e, talvez, seja esse o grande fascínio do livro de Machado de Assis.

Dom Casmurro, o personagem, é quem nos conta suas memórias, sendo assim todos os acontecimentos são narrados segundo sua visão, o que dá o grande charme à obra.  Ou seja, é a visão de um homem diante dos acontecimentos em sua vida, o que nem sempre pode corresponder à verdade.

Assim, posto sempre fosse homem de terra, conto aquela parte da minha vida, 
como um marujo contaria o seu naufrágio.  

www.universovozes.com.br
O ano era 1857 e Bentinho estava então com 15 anos.  O título Dom Casmurro viria bem depois, devido aos hábitos reclusos, sempre calado.  Dona Glória sua mãe, muito religiosa e temente a Deus, havia prometido seu primeiro filho aos serviços da Santa Igreja, colocando-o no seminário para que se tornasse padre.  José Dias,  agregado da família, foi quem levantou a questão:  Bentinho e Capitu estavam muito próximos e se a promessa demorasse a se cumprir, poderia ser tarde demais. A verdade é que diante de tal possibilidade, Bentinho percebeu a dimensão dos sentimentos que existia entre ele e Capitu, sua amiga e vizinha, então com 14 anos.  Perante a decisão irredutível da mãe, tentaram de todas as formas imaginar um jeito de escapar do que parecia ser impossível, reverter a tal promessa.
Também adverti que era fenômeno recente acordar com o pensamento em Capitu, e escutá-la de memória, e estremecer quando lhe ouvia os passos.

Mesmo diante de todos os esforços, Bentinho vai para o seminário, deixando com Capitu a certeza de que esperariam um pelo outro e não se casariam com mais ninguém.

Estou que empalideci; pelo menos, senti correr um frio pelo corpo todo. A notícia de que ela vivia alegre, quando eu chorava todas as  noites, produziu-me aquele efeito, acompanhado de um bater de coração, tão violento, que ainda agora cuido ouvi-lo.

No seminário, Bentinho conheceu Escobar, aquele que se tornou o grande companheiro.   Escobar foi mais do que um amigo, foi irmão.  A proximidade dos dois chegou a gerar ciúmes aos companheiros de seminário. Foi dele a ideia que libertou Bentinho do destino traçado pela mãe.   

A saída de ambos do seminário não distanciou a amizade entre eles, pelo contrário, estavam sempre muito próximos.   Machado de Assis nos apresenta então o que aconteceria depois na vida desses três personagens fascinantes :  Escobar era um rapaz esbelto, olhos claros e fugitivos...  E Capitu, essa era atrevida, sempre hábil e sinuosa a conseguir o que desejava...   Bentinho, por sua vez estava disposto a cumprir o prometido e casar-se com Capitu.   Mas assim como o desfecho de uma grande tragédia, a vida estava disposta a brincar com o destino de todos eles.

Nem eu, nem tu, nem ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia responder mais, tão certo é que o destino, como todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho. Eles chegam a seu tempo, até que o pano cai, apagam-se as luzes, e os espectadores vão dormir.

Eu recomendo muitíssimo o livro, pois mesmo sendo um clássico, é de leitura fácil, com capítulos curtos.  Essa é uma edição de bolso da Editora Vozes, que contém notas de rodapé para explicar algumas citações do autor, principalmente quanto a nomes, obras e personagens, que são feitas ao longo do romance.  O livro serviu de inspiração para o cinema, TV, teatro, ópera, música e até mesmo quadrinhos.  Considero imperdível!

Os meus ciúmes eram intensos, mas curtos

Se ainda não leu o livro, ou não conhece a grande questão que cerca essa obra maravilhosa de Machado de Assis, é bom parar por aqui, pois as próximas linhas contém SPOILER.

Quantas intenções viciosas há assim que embarcam, a meio caminho, numa frase inocente e pura!  Chega a fazer suspeitar que a mentira é, muita vez, tão involuntária como a transpiração.


Para quem já leu Dom Casmurro, ou mesmo ouviu falar, sabe que Bentinho logo se casou com Capitu, que tempos depois lhe deu um filho, chamado Ezequiel.   Bentinho, então, começou a enxergar nos pequenos gestos e detalhes na fisionomia do menino, vestígios do amigo Escobar.  A verdade é que isso se tornou uma grande obsessão, o que quase o levou à loucura.  

A primeira vez que li Dom Casmurro tive certeza de que Capitu e Escobar realmente eram culpados pela traição; hoje, já tenho minha dúvidas.  Um homem cego pelo ciúme poderia muito bem ver coisas onde não existia.  Dou então o benefício da dúvida à encantadora Capitu e ao jovem Escobar.   Mas como a trama é extremamente rica em detalhes e muitos sinais se escondem nas entrelinhas, então nada impede que eu mude de ideia novamente. rsrs

A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo.

Livro cedido gentilmente pela Editora Vozes.


http://www.universovozes.com.br/livrariavozes/web/view/DetalheProdutoCommerce.aspx?ProdId=8532651682Dom Casmurro (Edição de bolso)
Autor :  Machado de Assis
Editora Vozes
Código ISBN: 9788532651686
Formato: 11,0x18,0 cm
Acabamento: Brochura
Peso: 0,208 kg
Número páginas: 296
1ª edição
Ano de lançamento: 2016
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