Será que uma pessoa é tão ruim quanto suas piores ações?
Fraude Legítima, de E. Lockhart, foi publicado pela Editora Seguinte, do Grupo Companhia das Letras. Uma herdeira e uma sobrevivente; uma relação que pode transformar e destruir. Uma amizade onde nem tudo é como parece ser.
Logo no início somos apresentados à Jule West Williams, uma garota que aprendeu a sobreviver depois da trágica morte dos pais. O seu passado, envolto em uma atmosfera de mistérios, é só mais um ingrediente diante da adrenalina desse início, cercado de perseguições, fugas e perguntas. Jule acabou de perder a melhor amiga de forma traumática. Immie Sokoloff se suicidou sem deixar respostas ou dar sinais.
Imogen, como era conhecida, era uma garota rica, mas que enfrentava problemas com os pais adotivos, curtindo uma vida de regalias, aventuras e todas as facilidades que o dinheiro podia lhe oferecer. Cercada de amigos e sempre cheia de atenção, Immie encontrou em Jule, que reencontrou anos depois de terminar o colégio, alguém que apesar de tantas diferenças, sempre estava a seu lado e entendia sua jornada.
Fraude Legítima conta sobre as nuances dessa amizade, sobre as camadas e perigos que ligavam Jule e Immie. O mais interessante do livro é que a partir dessas primeiras informações, o leitor é guiado para entender os acontecimentos anteriores da história. A trama se inicia no capítulo 18, retornando até chegar no capítulo 1, e então o fechamento acontece com o capítulo 19, mostrando o desfecho das cenas iniciais.
A escrita é simples, mas pode confundir os leitores mais desatentos, porque muitas coisas não são como parecem. O interessante da trama fica nos detalhes que vamos descobrindo aos poucos. Cada capítulo nos liga ao anterior para desvendar mais uma peça desse jogo cheio de segredos e mistérios.
A autora se inspirou em outras obras parar criar essa trama, como por exemplo histórias vitorianas sobre órgãos ou trapaceiros, romances anti-heróis, HQs de super-heróis, narrativas contadas de trás para a frente, além de citar O talentoso Ripley de Patrícia Highsmith, The Man in the Rockefeller Suit de Mark Seal, e Grandes esperanças de Charles Dickens.
Com 280 páginas, folhas amareladas e fonte confortável, o livro é narrado em 3ª pessoa. Fraude Legítima é uma obra da literatura juvenil, mas que pode agradar todos os leitores que gostam desse estilo. Para quem já leu as obras em que a E. Lockhart se inspirou, não espere algo muito profundo ou denso, pois pode se decepcionar. A tradução é de Flávia Souto Maior.
Boa leitura!
Quando se fica longe tempo o bastante, não parece haver motivo para voltar.
Sobre a Autora
E. LOCKHART nasceu em Nova York e fez doutorado em literatura inglesa na Universidade Columbia. Deu aulas de redação, literatura e escrita criativa. Dela, a Seguinte publicou o best-seller Mentirosos, Fraude legítima e O histórico infame de Frankie Landau-Banks, livro de honra do Michael L. Printz Award.
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