Os caminhos que unem os diferentes mundos oferecem muitos perigos e armadilhas (...)
Mais uma vez estou revivendo as aventuras do professor Samuel e sua turma na encantadora vila de Igatu, na Chapada Diamantina, localizada no coração da Bahia. A autora Christiane C. de Murville nos leva através de aventuras inesquecíveis que nos fazem sonhar com a possibilidade de realmente viajar no tempo e conhecer outras possíveis realidades.
(...) passado, presente e futuro estão em constante transformação e se afetando a cada instante (...)
Samuel sempre foi preocupado com o bem estar da humanidade, engajando-se em diversos projetos sociais, exercitando um olhar diferenciado para cada um ao seu redor. Em São Paulo, a fama de excêntrico pesquisador, aliado à experiência como biólogo, historiador e professor universitário, ajudou a reunir um grupo de profissionais e estudantes que se dedicavam às pesquisas que investigavam a existência de realidades paralelas multidimensionais.
(...) passado, presente e futuro estão em constante transformação e se afetando a cada instante (...)
Diante de muito estudo e de misteriosos casos de desaparecimento em Igatu, uma pequena vila do município de Andaraí, na Bahia, o grupo preparava uma viagem para investigar uma gruta com alto índice de cristais, conhecida pelos moradores como a Morada do Altíssimo. No século XIX, durante a melhor fase do ciclo de diamantes, onde muitos homens enriqueciam com os garimpos, a vila de pedra era muito movimentada, mas foi abandonada ao longo do tempo com o declínio da produção das pedras preciosas. Diversos outros eventos sem explicação ajudaram a criar uma áurea misteriosa no lugar que acabou ficando conhecida como Machu Picchu Baiana.
A Caverna Cristalina seria o local ideal para que o grupo realizasse novas experiências envolvendo a abertura de portais para universos paralelos. Essas passagens dimensionais exigiriam na teoria que diversos fatores estivessem alinhados para que se criassem as condições necessárias para que o fenômeno acontecesse. A verdade é que Samuel e sua turma teriam muitas surpresas pelas frente.
Em seu íntimo, entendeu que uma porta havia acabado de se abrir, que um novo caminho delineava à frente dele e que não havia mais retorno.
Samuel logo se mostra um grande líder, e seu papel será ainda mais importante do que se imaginava a princípio. Entre diversos enigmas está uma pedra misteriosa entregue ao professor pelo chefe indígena Acauã, que influenciará diretamente em suas experiências. Quando finalmente o portal se abre, mostrando uma espiral luminosa com diversos níveis de realidade, Samuel é surpreendido pelo desaparecimento de 8 dos seus companheiros. Além de lidar com a autoridade local, ele precisa correr contra o tempo para resgatar essas pessoas que estão presas em alguma realidade desconhecida.
O grande fascínio das viagens no tempo é perceber que a simples passagem por tempos remotos, o encontro com antigos moradores do lugar, acabará deixando suas marcas na história do vilarejo, além de representar grande perigo para cada um. O passado de Igatu se mostra traiçoeiro, pois, em meio a garimpeiros e escravos recém libertos, existe uma busca desenfreada e perigosa por pedras preciosas.
(...) cada ser é apenas uma parte ínfima de um todo muito maior, não fazendo sentido buscar bem-estar apenas para si ou insistir em querer que as coisas aconteçam segundo a vontade pessoal particular.
A autora deixa o enredo mais intrigante ao mostrar que a experiência no portal é diferente para cada pessoa em função dos pensamentos e das vibrações de energia, o que influencia diretamente para qual nível de realidade cada um é transportado. Samuel ainda terá que enfrentar a inveja de Sarosh, um antigo amigo de pesquisa que fará de tudo para prejudicar o pesquisador. Além disso, as notícias sobre os desaparecimentos acabam atraindo muitos curiosos para a vila, acabando com a tranquilidade local.
O enredo ainda faz referência a fatos curiosos, como o continente desaparecido de Atlântida, e também ao enigmático Triângulo das Bermudas. Muitos outros assuntos recheiam a obra como curiosidades indígenas, a energia das pessoas e sonhos lúcidos; sem mencionar as belezas da Chapada Diamantina.
Tudo parecia quieto demais, não se ouvia uma mosca sequer, um só ruído, um bater de asas, nada, sugerindo que a vida estava momentaneamente em suspensão.
O tema viagem no tempo é fascinante e a autora Christiane C. de Murville soube explorar todas as nuances, ampliando o leque de percepção sobre o assunto, deixando claro que houve um estudo minucioso para criar a obra. Cada personagem tem suas características, dando oportunidade para abordar vários assuntos, deixando o livro ainda mais interessante e criando ramificações na trama.
A Caverna Cristalina - Uma aventura no tempo é narrada em terceira pessoa, o tamanho da fonte e o espaçamento são agradáveis. A obra conta com prefácio e 76 capítulos, além de ilustrações feitas pela própria autora, o que eu gosto muito. O texto é fluído e os capítulos são pequenos dando ritmo à leitura. Um enredo cercado de mistérios, hipóteses, ciência e espiritualidade. Chegando ao fim do primeiro livro, não tem como não desejar estender a leitura pelo segundo volume.
Tenham uma ótima leitura!
Comumente, se pensa no céu e no inferno como lugares separados da experiência terrena, para onde se vai depois da morte, em função das ações em vida. Mas será que realmente é assim? Será que a gente não pode pensar o céu e o inferno aqui mesmo, sendo apenas uma questão de ponto de vista, do olhar que temos em relação às coisas, à vida, às pessoas, às situações?
Confiram outros trechos:
Samuel estava convencido de que a vida que habita todos os seres
não se restringia ao plano tridimensional, material e concreto.
não se restringia ao plano tridimensional, material e concreto.
Como em uma televisão(...) A gente pode assistir à novela, mas tem
outros programas sendo transmitidos ao mesmo tempo. Os filmes, de
alguma forma, já existem, é só uma questão de sintonizar o canal na hora
certa.
O
inimigo vivia, agora, emaranhado à intimidade de cada homem e mulher,
disseminando medos, dúvidas e conflitos, capazes de instigar ações
inconscientes.
Samuel percebia que um verdadeiro cabo de guerra acontecia na intimidade de cada um, revelando que estavam diante da mesma prova do passado tão distante.
(...) tem gente que insiste em distorcer tudo com a sua interpretação pessoal da realidade.
Autora: Christiane de Murville
Editora: TocaLivros
2ª Edição (2022)
Número de páginas: 352
ISBN: 978-65-88452-36-3
Onde Comprar:
Físico em diversas livrarias online
Sobre a Autora:
Christiane Couve de Murville é doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, com especialização em psicodrama e orientação profissional, e também é bacharel em Ciência da Computação pela USP. Publicou a trilogia "A Caverna Cristalina", o "A vida como ela é" e a série "Até Quando?", no Brasil e na França, "O Pequeno Príncipe visita a Chapada Diamantina" e "Colorindo com o Pequeno Príncipe a Chapada Diamantina", além de livros e artigos acadêmicos. Dedicou a carreira ao atendimento psicológico individual e grupal de crianças, jovens e adultos, e ofereceu oficinas de teatro espontâneo em contextos variados. Tem experiência artística em escultura, desenho e pintura e faz as ilustrações de seus livros.
* Livro gentilmente presenteado pela autora
oi amigo,bom retornar ao seu blog e ter a oportunidade de ler essa resenha desse livro maravilhoso.Estou ansiosa para ler este livro e curtir essa viagem no tempo.Valeu a indicação .
ResponderExcluirOlá, Tânia. É uma felicidade ter você por aqui. Se tiver a oportunidade, leia sim.
ExcluirO que mais me fascina na literatura, a possibilidade de uma boa história, tem o poder de nos transportar. É uma trilogia nas alturas, com certeza é uma ótima leitura.
ResponderExcluirOlá, a magia da leitura é mesmo fascinante, nos faz viajar por mundos e universos que jamais imaginávamos.
ExcluirOlá, Luisa. Que bom que curtiu essa dica.
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