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Resenha : Histórias para Crianças - Isaac Bashevis Singer (Topbooks)

em domingo, 20 de setembro de 2020

 Nenhum desejo bom se perde jamais.

 


Histórias para Crianças, de Isaac Bashevis Singer, foi publicado no Brasil em 2009 pela Editora Topbooks.   A verdadeira arte de contar histórias é um dom que pertence a poucos autores.   Aqui, da primeira à última palavra, o autor nos prova que, adultos ou crianças, sempre podemos nos encantar por boas histórias.


Com certeza, essa foi uma das melhores leituras que fiz esse ano.   O autor nasceu na Polônia em 1904, indo mais tarde para os Estados Unidos, onde faleceu em 1991.  Nunca, porém, esqueceu sua origem e nem se afastou dos costumes de seu povo, mantendo a memória viva nos diversos livros que escreveu, misturando ficção e acontecimentos reais.  Para contar suas histórias usou o iídiche, sua língua natal, mesmo que ela, com o passar do tempo, esteja caindo no esquecimento. 


O destino sempre reserva surpresas.


Isaac Bashevis Singer conquistou o Prêmio Nobel de Literatura em 1978. Custou a se convencer de que poderia escrever para crianças, mas se tornou autor de dezenas de livros infantis.  Histórias para Crianças reúne 36 de seus contos e um texto intitulado São as crianças os críticos literários definitivos?, onde reflete sobre a construção literária que envolve o leitor, independentemente da idade.  As boas histórias devem encantar crianças, jovens e adultos. 

 

 Mesmo elegendo os meus preferidos, gostei de todos os contos sem exceção.  Já nas primeiras linhas de cada história, o autor consegue aproximar os leitores de seus personagens, e acabamos nos sentindo parte do cenário, como se espreitássemos de perto cada acontecimento, e fôssemos testemunhas de muitas aventuras, fantasias e dramas. 


Afinal, o que é a vida?  O futuro ainda não chegou e não podemos predizer o que nos trará.  O presente é só um momento, o passado, uma longa história.  As pessoas que não contam histórias e não as ouvem tampouco vivem só para aquele momento, e isso não é suficiente.

 

A sensibilidade de Isaac é um dos pontos fortes em sua escrita.  Histórias simples ganham valor através de sua narrativa.  O simples se torna grandioso através de suas mensagens.  Os cenários são encantadores e interessantes, com paisagens que nos transportam para cada enredo.  O clima, a neve, as construções, os personagens, rapidamente saltam diante do leitor.  Sem dúvidas, o autor faz a magia acontecer. 

 


Muitos contos se passam durante o Hanuká, que é uma festa judaica conhecida como Festival das Luzes, onde a cada noite, durante 8 dias, acende-se uma vela em um candelabro, representando a vitória da luz sobre a escuridão.  A celebração simboliza o direito dos judeus de praticarem livremente sua religião.

Hoje vivemos, mas amanhã o hoje será uma história.

 

Nessas noites, o chefe da família acende uma das velas, recitando suas bênçãos.  O candelabro deve ficar preferencialmente no batente de uma janela com vista para a rua.  Nessas noites de celebração, as crianças brincam de dreidel, um peão de 4 lados, e são servidas panquecas de batatas e outras gostosuras.   Outros costumes do povo judaico também são explorados nos contos. 

 


A criatividade do autor nos permite vivenciar muitas histórias que não se tornam repetitivas ao longo das páginas.  Se em um instante acompanhamos a aventura de um menino que se perde na volta para casa durante uma tempestade de neve, em outro somos testemunhas da amizade entre uma diabinha e um grilo falante.  O humor é frequente em suas tramas, mas a emoção também transborda como no conto que mostra a busca pela realização dos sonhos do livreiro Naftali, sempre acompanhado de seu cavalo Sus

  É em momentos de grande perigo que as pessoas ficam mais corajosas.

 

Vários contos tem como cenário a charmosa Chelm, a aldeia dos bobos.  Nela o líder Grosnam Boi, e os outros anciãos, Pateta Lekisch, Zeinvel Tolo, Treitel Bobo, Sender Burro, Shmendrick Parvo e Feivel Tapado, se esforçavam ao máximo à frente do Conselho e decidir sobre as questões que afligiam a cidade.   Não tem como não se divertir com essa turma!  

 

 Quando passa um dia, já foi embora, não existe mais.   O que sobra desse dia?  Só histórias.  Se as histórias não fossem relatadas ou contadas em livros, os homens viveriam como os animais, apenas para o dia de hoje.

 

 

Com 344 páginas, folhas amareladas, fonte confortável, Histórias para Crianças conquistou um lugar mais que especial em minha estante.  A edição contém um glossário com 114 palavras que nos aproxima da cultura judaica.  Dá vontade de sair contando cada um dos contos por aí.  Os enredos são ágeis e curtos, mas conseguem ser mais completos e elaborados que muitos livros inteiros.  Isaac Bashevis Singer tinha o dom de contar histórias.  Em cada uma delas,  seus sonhos, medos e desejos se misturam com a cultura de seu povo e os costumes da religião judaica.  Mesmo explorando suas raízes, o autor conseguiu fazer com que suas histórias se tornassem atraentes para um público universal.  Livro mais que indicado para quem curte o gênero.

 

Na época de hoje, quando a literatura para adultos se deteriora, bons livros infantis são a única esperança, o único refúgio.  Muitos adultos leem e apreciam livros infantis.  Escrevemos não só para crianças como para seus pais.  Eles, também, são crianças sérias.  (Isaac Bashevis Singer)

 

Boa leitura!

 

Histórias para Crianças
Autor: Isaac Bashevis Singer
Editora: Topbooks
Páginas : 344
Edição no Brasil : 1ª (2009)
Formato: 16x23x2,6
Encadernação : Brochura
ISBN : 978-85-7475-169-6

 




Onde Comprar

http://www.topbooks.com.br/sinopses1.asp?chave=405&topico=O+outro+lado+da+lua

E também em outras livrarias online.


  Sobre o Autor

 

Isaac Bashevis Singer nasceu em 1904 em Leoncin, povoado próximo a Varsóvia, Polônia, Singer emigrou em 1935 para os Estados Unidos, onde morreu em 1991. Ali publicou seus romances mais famosos: A família Moskat (1950), Satã em Gorai (1955), O mágico de Lublin (1960), No tribunal de meu pai (1966), Inimigos, uma história de amor (1972), Shosha (1978), O Golem (1982), Yentl (1983) e Escória (1991), alguns deles transformados em filmes de sucesso. Sua primeira obra para crianças se chamou Zlateh, a cabra (1967), e a esta se seguiram, entre outras, Mazel e Shlimazel ou O leite de uma leoa (1967), A hospedaria do medo (1967), Quando Shlemiel foi para Varsóvia (1968), José e Koza (1970), Elias, o escravo (1970), A cidade do pecado (1972), Os bobos de Chelm (1973), Por que Noé escolheu a pomba (1974), Um conto de três desejos (1975), Naftali, o contador de histórias, e seu cavalo, Sus (1976) e este Histórias para crianças (1984), onde se encontram todos os contos que deram título aos livros acima citados, e mais outros 25.

 

   * Outras fontes de Informações sobre o autor :  Wikipedia e Significados

 ** O livro foi um presente da Editora TopBooks.

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