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Resenha: A Bala Perdida - Guilherme Figueiredo (TopBooks)

em sábado, 22 de agosto de 2020

 Toda arte precisa dessa solidão. 

A Bala Perdida, do autor e dramaturgo Guilherme Figueiredo, foi publicado em pela Topbooks em 1998.  As memórias de um homem que viveu muitas histórias, fez amigos e inimigos, conquistou prêmios e honrarias no universo cultural.  Lembranças que, com o tempo, tornaram-se sombras, mas alimentaram a saudade, imortalizada nas páginas desse livro. 


Um livro de memórias é diferente de um livro autobiográfico.  Enquanto o primeiro tem como base as lembranças e todas suas vertentes, o segundo explora diretamente a vida do autor.  Em A bala perdidaGuilherme Figueiredo relembra acontecimentos que marcaram sua trajetória e sua carreira.  Muitas histórias pessoais são exploradas, mas o autor também nos fala sobre outros assuntos, e sobre outras pessoas que, de alguma forma, cruzaram seu caminho. 

 

 

Guilherme Figueiredo faleceu em maio de 1997 aos 82 anos.  O escritor e teatrólogo, muitas vezes premiado, ficou internacionalmente conhecido, principalmente por ter uma de suas peças, A raposa e as uvas, encenada em dezenas de países.  Todo esse sucesso lhe rendeu inúmeras viagens pelo mundo, usufruindo dos direitos autorais, que se não o deixaram rico, pelo menos lhe proporcionaram ótimas viagens e valiosos amigos.  

 

 Ninguém espere que os personagens destas Memórias estejam passados a limpo.  Quando se trata de ficção, são possíveis esses retoques. Quando se trata de verdade, a verdade não se passa a limpo.

 

Outro fator de destaque em sua biografia é o irmão João Figueiredo, ex-presidente da República.  Mesmo sem explorar diretamente esse eixo, percebemos o quanto isso acabou influenciando alguns fatores em sua vida.   O casamento com Alba Lobo de Figueiredo, única esposa, lhe deu dois filhos.  Pena que poucos momentos da vida do casal estejam nas páginas dessas memórias.  


 

O livro explora acontecimentos importantes e históricos nos últimos 60 anos, tanto no campo político como no cultural.   Alguns nomes lembrados pelo autor são Tonia Carrero e Paulo Autran, que deram vida à personagens de uma de suas peças.  Outros nomes também se destacam, como  Pedro Bloch, Villa-Lobos, Mario de Andrade, Gilberto Freyre, Assis Chateaubriand, Bidu Sayão, Procópio Ferreira, Bibi Ferreira e até Santos Dumont, entre muitos outros.  Muitas vezes fui até o Google para pesquisar detalhes sobre acontecimentos ou alguns desses nomes que me despertaram a atenção.

 

 Não há governante sem culpa...

 

Sentimos em muitos relatos a tristeza das lembranças pelos grandes amigos que se foram ou trilharam outros caminhos. Nos emocionamos em outros momentos, como a despedida de tia Candê.  Através das memórias de Guilherme Figueiredo, conhecemos personagens fascinantes.   Ao longo da carreira, embora tenha conquistado muitos amigos, também fez inimizades. Foram alegrias e decepções. 

 

 

Em 1932, Guilherme Figueiredo participou com o pai do movimento constitucionalista de São Paulo.  Formou-se em Direito, mas não se dedicou à profissão.  Foi adido cultural junto à embaixada brasileira na França.  Foi professor de História do Teatro.  Foi cronista, colunista de vários jornais, trabalhou na extinta TV Tupi. Seus livros tiveram boas críticas, e as peças representadas em diversos países.  Sempre foi bem recebido em rodas literárias. 

 

 Só há uma coisa melhor do que ganhar um bom amigo:  é perder um mau amigo.

 

O autor faleceu sem fazer a revisão final de seu livro.  A editora decidiu manter os escritos originais, mesmo contendo muitas repetições que seriam suprimidas e organizadas diante de uma avaliação.  A verdade é que a exclusão de alguma parte, que não fosse feita pelo próprio autor, poderia tirar a essência da obra.  Mesmo que essas repetições cansem e atrasem um pouco a leitura, achei a decisão acertada, pois sempre tem um detalhe a mais a acrescentar na história.

 

 

Com  604 páginas, folhas amareladas, A Bala Perdida reúne 81 fotografias do arquivo pessoal do autor.  Um homem que precisou escolher entre as glórias do sucesso e o aconchego da família.   O livro é um relato histórico de uma época, retratando episódios e bastidores envolvendo personagens da cultura e da política que fizeram parte da vida do autor.  É uma ótima sugestão de leitura para os apreciadores do gênero.


Autor :  Guilherme Figueiredo
Editora :  Topbooks
1ª Edição (1998)
Páginas :  604
Dimensão :  22,8 x 16,2 x 3,4cm 
ISBN  85.86020-71

Onde Comprar

http://www.topbooks.com.br/sinopses1.asp?chave=405&topico=O+outro+lado+da+lua

E também em outras livrarias online.


* O livro foi um presente da Editora TopBooks.

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