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Entrevista com o Autor Dylan Ricardo

em sexta-feira, 9 de novembro de 2018


É difícil definir Dylan Ricardo.    Ler seus livros é como entrar por uma porta escancarada, onde o autor expõe seus sentimentos de forma dura e pungente. Um trabalho extremamente cuidadoso, mas que não aceita maquiagem ou enfeites.   É real, brutal e, muitas vezes, assustador mergulhar em seu universo.   Por que então entrar por essa porta?!  Simplesmente porque a realidade pelo olhar de Dylan Ricardo se mostra fascinante.  O autor transforma nossos medos e anseios em poesia genuína.  Na orelha de seu livro Do Inferno, publicado pela Cultura em Letras Edições, temos uma noção do que esperar de suas poesias.

"Poetizar... Pode ser um verbo difícil de se conjugar, mas em se tratando das expressões dos sentimentos, nada é impossível. As poesias são a maior resposta do coração, quando tratamos de expurgar os sentimentos. Escrever os momentos que encontramos em nossa estrada, é depositar na alma o que desejamos inconscientemente para nós mesmos. E cada poeta seduz, à sua maneira, seu olhar perante o inesperado. A poesia é a surpresa do universo, quando as palavras não se calam..."

Para que você conheça um pouco mais sobre o autor, o blog Atraentemente trouxe uma entrevista exclusiva.  Leia cada resposta e se aventure em cada link.  Tenho a certeza de que você se surpreenderá com o trabalho de Dylan Ricardo

Atraentemente:  O que o leitor pode esperar de suas poesias? 

Dylan Ricardo - O que ele deseja que não lhe aconteça na vida: decepções, dores, depressão, tristezas, desesperança e insanidade. Ele encontrará a consciência da proximidade da morte e a certeza da transitoriedade, enfim, toda a ação nociva e inevitável da existência. Ele encontrará a crueza da consciência. Porém, certamente que não trato apenas de temas referentes à destruição gradativa da felicidade. Busco também trazer até assuntos de cunho místico, mas certamente assustadores. Como cemitérios, espectros disformes, casas abandonadas, castelos escuros, almas penadas, e até monstros. Temas góticos me atraem demasiadamente, como vampiros, por exemplo. Busco dar um caráter psicológico a tudo, ou quase, pescando da psique o simbolismo necessário que para alguns pode parecer incompreensível. Sou um adorador do ultrarromantismo, sendo profundamente influenciado por esse estilo. Escrever sobre amores impossíveis e perdidos, sobre a dor da separação, sobre a traição, a morte de quem se ama, ou sobre a beleza feminina é algo que me atrai visceralmente, mas, vagueio também por conteúdos diversos, onde não apenas donzelas, flores e fadas habitam. Gosto de explorar os porões mais escuros da mente. Para escrever sinto-me sem amarras, e deixo fluir não apenas o que me inspirou das diversas leituras que fiz, mas também aceito confabular com meu passado e minhas culpas.

https://pag.ae/7Uaz662NRAtraentemente:  Seus textos e poesias são de uma intensidade assustadora, inserindo o leitor dentro do universo exposto, fazendo-nos sentir a angústia das palavras. Para alguns autores, a escrita funciona como desabafo ou cura, para outros é simplesmente uma forma de manifestar-se. O que significa esse processo para você?  

Dylan Ricardo - É minha enfermidade. É uma masmorra empoeirada, escura e úmida, onde os gritos dos torturados eclodem dos erros com o quais tenho que conviver. Escrever para mim é uma patologia, é o que me mentem vivo para sofrer, como uma autopunição artística. Escrevo por desespero. Foi necessário fazer uma escolha, uma arma ou um lápis. Preferi usar o papel ao invés da têmpora. E mais limpo. Optei por sujar as laudas com o sangue negro das letras, pelo menos por enquanto. O processo está entranhado em minha personalidade, e não tem regra. Se em um dia escrevo dez poemas, no seguinte posso escrever apenas um. Incumbi-me da tarefa de não deixar passar sequer um dia sem escrever, e se a inspiração faltar, escreverei sobre sua ausência. Respiro livros e letras. Leio exageradamente, e escrevo por compulsão. Verter às páginas o chumbo que me arqueia o ânimo é um imperativo imutável e natural.

https://pag.ae/bmFwqQyAtraentemente:  Lembra da primeira poesia que escreveu? 

Dylan Ricardo - Não. Escrevo há anos e tenho muita coisa guardada em gavetas. Vez por outra vasculho os temas e percebo como os desenvolvia de forma amadora. Isso atribuo a falta de leitura. Hoje, posso usar o mesmo mote, mas desenvolvendo-o de uma forma mais clássica e compreensível. Ler ajudou bastante, e claro, ter passado por muitos eventos desagradáveis. Nem sempre é fácil traduzir sentimentos, mas creio que por muitas vezes tenha conseguido. Escrever é reviver. É tornar a sentir o que se achava ter superado. Cada vez que coloco no papel algum infausto acontecimento do qual fui vítima, sinto que morro novamente. E como a morte é um assunto que me persegue, isso apenas me inspira. Costumo a escrever usando fones de ouvido para isolar-me da patética realidade empobrecedora. Quando não ouço algum noturno de Chopin, prefiro o som da chuva, ou de uma tempestade. Depende do ânimo.

Atraentemente:  Massoterapeuta, chef de cozinha, escrever e viajar. Essas são somente algumas atividades que realiza. Como equilibrar energias aparentemente distintas? 

Dylan Ricardo - Eu não equilibro, pois entende-se por “equilibrar” pôr lado a lado. Eu as mesclo, pois me inspiro em tudo. Em uma massagem posso ver as impiedosas garras da existência aprofundando-se na tenra carne dos sonhos. Em um alimento sendo cortado percebo palavras dilacerando a sensibilidade de um coração. Viajar sozinho é ter-se, é estar consigo e poder ouvir os brados dos próprios pensamentos. Vejo material poético em tudo. Até no nada.

Atraentemente:  Você lida bem com o computador ou prefere a caneta e o papel? 

Dylan Ricardo - Os dois. Ao computador, posso fazer pesquisas, e isso ajuda muito. O lápis ajuda-me a registrar ideias para mais tarde desenvolvê-las. Estou muito acostumado a escrever pela madrugada, diante da tela do notebook. A luminosidade desprendida por essa máquina decerto que prejudica-me a visão, que não e tão boa, mas ajuda a criar o clima de penumbra que envolve tudo o que escrevo.

Atraentemente:  Qual o melhor ingrediente para o escritor?

Dylan Ricardo - Não posso criar uma regra que seja seguida por todos. O que posso dizer é qual o melhor ingrediente para mim. Este, já tenho. Estou repleto dele. É o meu passado. São as memórias que me assombram quando deito a cabeça no travesseiro. Tudo o que passei na existência serve de material para que a inspiração me obrigue a escrever. As culpas, as decepções, os amores, as traições, e até a musa, que de tão sonhada tornou-se apenas uma bruma que simboliza a impossibilidade.

Atraentemente:  Sua poesia surge pronta ou ela é moldada aos poucos? 

Dylan Ricardo - Depende. Algumas vezes surge inesperadamente, já pronta, outras apenas a ideia vem, e tenho de desenvolvê-la. Já levei todo um final de semana para escrever um soneto, e já utilizei uma hora para escrever dez. Mas sempre percebo que o tema tem que ser claro, e é a partir da ideia que as palavras vão surgindo.

Atraentemente:  Escrever bem é uma tarefa conquistada com dedicação e sacrifício ou só inspiração? 

Dylan Ricardo - É um conjunto composto por esses três itens: dedicação, sacrifício e inspiração. Para mim, não há como separar. Há dois fatores fundamentais: sensibilidade e leitura. Há quem leia muito, mas não escreva nada. E há quem escreva, porém, textos que não valem a pena ser lidos, pois não há técnica, e os erros vernaculares abundam. Escrever é uma tortura, dói até fisicamente.
http://www.culturaemletrasedicoes.com.br/roundabouts/mil-poemas-e-um-suicidio/ 
Atraentemente:  O que é mais difícil: a primeira ou a última frase? 

Dylan Ricardo - O mais difícil é ter um título em mente e desenvolver o poema a partir dele. Já tentei fazer isso, e sinto extrema dificuldade, pois o título me prende. Não faço mais isso. O meu segredo é escrever sem título, livremente, para só depois escolhê-lo. É como se o poema terminado falasse comigo, e me dissesse o seu nome. Já chorei ao reler um poema escrito, e senti-me um masoquista. Eu sou o meu próprio torturador.

Atraentemente:  Existe limite para criar, ou sua escrita é como a vida, sem pudor? 

Dylan Ricardo - Se o poema tiver limite, deixa de ser poema. Não tenho limite para escrever, mas sinto que a inspiração pende para um lado, retirando qualquer desejo de escrever sobre outras coisas. Por exemplo, já me perguntaram se eu escreveria poemas eróticos. Não vejo como, pois não tenho absolutamente nenhuma inspiração para isso. Eu dirijo o meu cérebro para onde a inspiração aponta. Só. Não me prendo a nada. Apenas velejo pela predisposição. E se minha inclinação é para o que há de mais triste na vida... que seja.

https://pag.ae/bmFwqTCAtraentemente:  Quais são as etapas principais que percorre desde as ideias iniciais ao término de um livro? Você deixa alguém ler antes do ponto final? 

Dylan Ricardo - Cada poema é um pedaço de mim. São nacos de meus pesadelos. E eu sou muito severo com eles. Já reescrevi um livro inteiro, e vez por outra me surpreendo mudando alguma frase. Obviamente, pode ocorrer algum erro gramatical, então, tenho que colocar nas mãos de um profissional. Como escrevo até a exaustão, erros dessa natureza podem ocorrer. Quanto ao processo, ele varia muito. Mas a base é a observação, não apenas do que está fora, mas do que me tortura por dentro.

Atraentemente:  Diante das dificuldades para publicação no mercado brasileiro, principalmente para novos autores, como foi esse processo para você? Enfrentou algum momento difícil? 

http://www.culturaemletrasedicoes.com.br/assessoria-para-autores/
Dylan Ricardo -   Todos os momentos foram difíceis. Tudo é dinheiro. A arte é comercializada como carne em um açougue. Raros são os que percebem que a arte é o que nos difere dos objetos. A sensibilidade elaborada é inerente a humanidade, e dela advém a arte. Escrevo em um país de não-leitores, e onde a maioria das editoras encaram o artista como uma máquina de gerar dinheiro. Há muitos editores que infelizmente perderam a sensibilidade, e deveriam escolher outra atividade. Eu acho um absurdo o artista ter que comercializar a própria obra, o escritor não é um vendedor. A relação escritor-editor deveria ser mais depurada, mas o que venho vendo nos últimos tempos é quase uma relação de escravidão, onde as editoras criam contratos longos e se abstêm de fazer um bom marketing. Isso aprisiona a obra nas mãos de pessoas insensíveis. Atualmente as editoras são presídios de livros. Recomendo aos novos escritores que procurem boas editoras, e cuidem do seu capital, pois há empresas caríssimas e absolutamente incompetentes em marketing. Empresas que abandonam o autor. Eu tive a sorte de conhecer uma editora chamada Cultura em Letras Edições. Uma editora que realmente se dedica ao novo escritor, onde o editor sempre está presente com novas ideias e até conselhos, criando assim uma relação fraternal.
O desinteresse do público é muito forte, e o que decepciona principalmente é a absoluta indiferença dos amigos. Estes sequer se interessam em ler minhas entrevistas, e obviamente em adquirir as obras. Porém, como escrever é minha enfermidade, não dependo deles para inspirar-me. Nadar contra a corrente é minha especialidade.

Atraentemente:  Quais seus projetos atuais na área literária? 

http://www.culturaemletrasedicoes.com.br/roundabouts/do-inferno-2/
Dylan Ricardo - Atualmente estou escrevendo alguns livros, dentre os quais um romance de horror que me tem tomado as madrugadas. Como costumo a partejar mais de um livro ao mesmo tempo, resolvi escrever outro com dez contos, também voltados ao horror, e mais obras de poesia. Tenho quatro livros praticamente terminados com cem sonetos em cada e outros três com poemas diversos. E novas ideias surgindo. Até agora tenho quinze livros escritos, sendo seis publicados, e creio que ano que vem teremos mais três saindo da gráfica. Espero.

Atraentemente:  Deixe um recadinho pra a galera do blog: 

Dylan Ricardo - Há muitas obras novas interessantes, sem dúvida, mas jamais abandonem os clássicos. José de Alencar, Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Bernardo Guimarães, Camilo Castelo Branco, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, etc. Estes, e outros, são a base. E cito também os estrangeiros, Oscar Wilde, Jane Austen, as irmãs Brontë, John Steinbeck, Edgar Allan Poe, Fernando Pessoa, Cervantes, Shakespeare, Tolstoi, Dostoievski, Gogol, Balzac, Zola, etc. É muito importante exercitar o cérebro com o que vale a pena. Leiam. E para quem quer escrever, só posso dizer que escreva, mas, que também leia. É fundamental. E muito cuidado na escolha da editora.

Para comprar as obras de Dylan Ricardo, basta clicar nas capas dos livros que será direcionado para os canais de venda.  Para conhecer um pouco mais sobre elas, confira o post especial com detalhes de cada uma.  Clique AQUI.

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Sobre o Autor


Confiram o site do autor:

Dylan Ricardo
Escritor e poeta, é autor das obras Mil Poemas e um Suicídio (este com cem sonetos e um conto), Contos noturnos e No Porão da Decadência (o primeiro com dez contos de horror e o segundo com poemas. Ambos, ainda nas mãos da Editora), Nas Brumas do Desalento (prestes a ser lançado), No Zênite da Insanidade, Asas de Pedra, Do Inferno e Estado Terminal (já lançados) todos com poemas de inspiração gótica e ultrarromântica nos quais descreve liricamente trajetórias existenciais abarrotadas de desânimo, decepções e sonhos destruídos. Trazendo reflexões ao leitor sobre a sua própria existência, seus desejos e atos praticados. Muitos desses poemas tornaram-se crônicas do cotidiano de uma personalidade insatisfeita, realista e questionadora, por se referirem a assuntos voltados ao relacionamento humano, às lembranças e à efemeridade da vida.



Contatos do Autor

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19 comentários:

  1. É muito gratificante conhecer mais um maravilhoso autor o Dylan Ricardo, simplesmente divino o trabalho dele, suas obras são incríveis, são livros que deixa o leitor maravilhado, Evandro parabéns pela entrevista com o Dylan Ricardo, foi um prazer conhecer mais ele abraços.

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    1. Oi, Lucimar. Obrigado pelo carinho. Acho que as entrevistas aproximam o autor do leitor. Sempre temos curiosidades e gostamos de conhecer quem está por trás dos livros que lemos ou gostaríamos de ler.

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  2. Amei o post, não conhecia esse escritor! Estou apaixonada pelas obras dele.

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  3. Não conhecia esse autor, mas agora me tornarei seguidor e irei pesquisar cada livro dele, estou bem curioso.

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    1. Que bom que gostou. É um autor de escrita forte. No blog você encontra muitas resenhas dos livros dele.

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  4. Oiiiii,
    que legal conhecer mais sobre esse autor, primeira vez o conhecendo mas percebi que produz ótimas obras como as apresentadas

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    1. As obras do Dylan são fortes e mexem com o leitor do início ao fim.

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  5. Muito bacana conhecer um escritor através de sua entrevista! Gostei de conhecer as obras do Dylan tbm, o que devem ser bem pessoais e de acordo com o estilo dele, falar sobre cotidiano, relacionamento humano. Fiquei curiosa em ler as obras dele.

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    1. Se tiver a oportunidade, leia sim. Será uma experiência válida.

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  6. Uaaaaau!
    Que entrevista! E que respostas!
    Não conhecia o Dylan, mas já adorei. Essa coisa de escrever por desespero, eu super entendo, porque teve uma época da minha vida que eu vivi exatamente isso. Era doloroso e libertador.
    Vou procurar ler o material dele.
    Desde já, amei teu post.
    Obrigada!

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    1. Obrigado, Malu. Quando as palavras surgem desse desespero, a dor é intensa que impregna em cada trabalho.

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  7. Gosto demais de posts de entrevistas! Nos ajudam aconhecer melhor os autores e acabam aumentando a vontade de ler as obras deles!

    Beijos!

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  8. Oi Evandro, tudo bem?
    Achei o autor bem intenso. A forma como ele expõe seus sentimentos e opiniões é bem forte, tão próprio de poetas! Fiquei impressionada principalmente quando disse que encontraremos a crueza da consciência, nunca tinha parado para pensar dessa forma, mas ele está certo. Parece ser um autor super talentoso. Desejo muito sucesso para ele. Parabéns pela entrevista, ficou ótima!!!
    beijinhos.
    cila.

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    1. Além do talento, que fica óbvio em seu trabalho, o autor se prepara para fazer bem feito. É detalhista e obcecado em fazer bem feito. E, claro, que nós leitores agradecemos.

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  9. Oi Evandro,
    Poesia é um gênero que não atrai muitos leitores, por isso entendo a dificuldade de mercado que o autor pode enfrentar. Gostei muito da forma como ele falou, seus textos parecem ser bem marcantes. Desejo sucesso. Parabéns pela entrevista.
    Bjs.
    Pri.

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